Crônicas Desprovidas

Wednesday, February 23, 2011

Cada dia me convenço mais, que o Magistrado e o seu fiel séquito são amantes fervorosos da senhora burocracia. Massa gregária vinculada, eternamente, a procedimentos morosos, ultrapassados e desnecessários.

Ególatras sentados em uma pilha de árvores derrubadas, carimbando o que desconhecem. Seres supremos, que assim como os Incas, possuem seu próprio calendário. Demiurgos, como se sentem. Oráculos, como foram levados a crer.

Formadores de opiniões, que se esquecem; um dia também foram formados. Criadores de decisões, que descansam antes do sétimo dia. Procrastinadores, por “excelência”, do destino alheio.

Em seus gabinetes impenetráveis e inexpugnáveis, em suas pomposas e elevadas poltronas, por trás de suas lentes finas e imagens turvas, destilam sua sapiência magnânima nas entrelinhas dos minutos.

Transferem para todas as certidões o título indiscutível, que de tanta ostentação faz inveja ao Duque, ao Comodoro e, até mesmo, ao Barão. “Ricos felizes”, não conseguem enxergar que a nobreza não está no cargo, mas sim no papel exercido na função.

Blindados, por suas togas imaculadas, perdem a consciência de que igualmente são vísceras, suor e coração. Carne e osso, dúvida e certeza. Retidão e compaixão.

Saúdo todas as belíssimas exceções que confirmam a regra, porém, que não se rebelam contra ela. Na busca da justiça, quase todos se esqueceram da missão.

Wednesday, August 15, 2007

Minha Vida Sem Mim

Mais uma noite de sono perdida, o sol já começa a torturar minha visão, diante da TV procuro algo de interessante para me entreter, a programação da madrugada é de longe a melhor do dia, no entanto, já são 6 horas da manhã e só me restam programas educativos e telejornais com noticias do dia anterior. Preparo-me para tentar dormir, mas antes tenho que satisfazer meu pequeno distúrbio compulsivo de dar uma ultima passada de trás para frente em todos os canais que ainda estejam transmitindo algo. Logo no começo desta tarefa um rosto feminino muito familiar desperta minha atenção, a princípio confundo o filme em questão com o famigerado Madrugada dos Mortos, não o original do George Romero, mas o remake cheio de sangue e explosões. Ao perceber meu erro fico bastante desapontado, em primeiro lugar porque adoro acertar os nomes dos filmes somente pelas cenas, ou seja, atores, cenários, trilhas e figurinos, e em segundo lugar não me importaria de assistir novamente dada as circunstâncias da ocasião.
Imediatamente constato a causa da minha falha, ambos os filmes começam em um hospital com a imagem da bela Sarah Polley, porem as semelhanças não vão adiante, em um primeiro momento sou levado a acreditar que o filme não passa de uma comédia romântica de segunda linha, uma personagem principal que aparenta estar grávida e um doutor bem caricato que serve tanto para o terror como para o pastelão. Penso sinceramente em mudar de canal, mas minha teimosia finalmente tem serventia, uma reviravolta poucas vezes vivenciada por mim transforma aquele filme sem graça em um drama emocionante e sincero, Sarah que faz o papel da encantadora e jovem Ann descobre por intermédio de seu médico que ao invés de se tratar de uma gestação , seu problema é na verdade um câncer terminal que irá ceifar sua vida em menos de 3 meses. Nessa maravilhosa cena que prima pela simplicidade e eficiência, a primeira, de muitas lágrimas que virão, escorre pelo meu rosto, meio sem graça, apesar de estar sozinho, me recomponho e exercito a minha mente, procuro lembrar de um filme em que eu tenha chorado logo nos primeiros minutos, insucesso nessa árdua missão. Será que o problema é comigo, não estou deprimido tampouco sob efeito de álcool , não tenho conhecimento de nenhuma crise dos 25 anos, na verdade encaro com naturalidade e mergulho de vez nessa odisséia emocional.
Ao longo do filme verifico que Ann de 23 anos, é uma pessoa extraordinária na pele de uma garota normal, casada e com dois filhos, ela só pensa em sua família, sua relação com sua mãe é um pouco conturbada e seu pai se encontra preso desde sua infância. Apesar de possuir o justo direito de entrar em pânico, ela resolve continuar sua vida normalmente e esconder seu diagnostico fatal para preservar todas as pessoas por ela amadas.
Adiante ela resolve fazer uma lista de coisas que deveria fazer antes de morrer, para minha surpresa no topo da sua lista estão às tarefas de arrumar uma mãe para suas adoráveis filhas, e uma esposa para seu marido, e em seguida enumera seus desejos reprimidos pela esperança de uma vida longa, dentre eles, experimentar um novo homem e uma nova paixão.
Desse ponto até o final do filme, a emoção é contagiante, meus óculos completamente embaçados denunciam minha tristeza, do começo ao ultimo ato, e na ultima cena uma lição de vida atinge meu peito de forma implacável, meus problemas se apequenam frente à grandeza da vida, por um breve momento agradeço a tudo e a todos simplesmente por participar dessa experiência renovadora. O nome do filme só se apresenta, para meu deleite, nos créditos cadentes, nunca um título tão banal se encaixou também em uma historia, abrindo caminho para uma reflexão sem fim, ele avança lentamente contradizendo o belo enredo e se impõe, Minha Vida Sem Mim.
Posso estar exagerando, mas de um ato despretensioso surgiu um clássico na minha vida, uma obra prima significativa, no presente, a melhor, talvez passageira, mas imperdível, portanto, recomendo assistir, se emocionar, se divertir, sem conter o sentimento que salta da garganta apertada, chore e chore muito, pois valerá cada gota.

Tuesday, March 13, 2007

Quadros de 55/ fim da linha

Na sala não entra mais luz
Lençóis brancos em cima dos móveis
No chão, gorro, chapéus e capuz
Fósforos queimados de motéis

Livros, selos e discos
Canecas, broches e fotos
Numa caixa escrito lixo
A lista com nome dos mortos

Remédios, curativos e seringas
Ao lado de medalhas, tocas e máscaras
Sangue, remorsos e esperanças
Terços, velas e promessas

Barbeou-se pela última vez
Mas perdeu metade do filme
O reencontro no final do mês
Vão levar uma tarja pro time

Obrigado por fumar sem filtro
Agradeço por andar sem cinto
Parabéns por beber um litro
Derradeiro gole será vinho tinto

Não se esqueçam do meu amor
Dos meus sonhos e dos meus anseios
Das minhas paixões e dos meus vícios
Que estão atrás dos quadros de 55.

Quadros de 55/ fim da linha

Na sala não entra mais luz
Lençóis brancos em cima do dos móveis
No chão, gorro, chapéus e capuz
Fósforos queimados de motéis

Livros, selos e discos
Canecas, broches e fotos
Numa caixa escrito lixo
A lista com nome dos mortos

Remédios, curativos e seringas
Ao lado de medalhas, tocas e máscaras
Sangue, remorsos e esperanças
Terços, velas e promessas

Barbeou-se pela última vez
Mas perdeu metade do filme
O reencontro no final do mês
Vão levar uma tarja pro time

Obrigado por fumar sem filtro
Agradeço por andar sem cinto
Parabéns por beber um litro
Derradeiro gole será vinho tinto

Não se esqueçam do meu amor
Dos meus sonhos e dos meus anseios
Das minhas paixões e dos meus vícios
Que estão atrás dos quadros de 55.

Monday, February 26, 2007

Todos os Js e Hs


Da crise moral da humanidade
Que desvirtua a criatura humana
Eterno embate entre bondade e a maldade
Daquele que respeita contra aquele que profana

Comportamento transformado em violência
Intolerância disfarçada de respeito
Da esperança solitária na consciência
Árdua missão de eliminar o pré-conceito

Do amor que renova o ser humano
Na fé inabalável que nos permite caminhar
Dos valores passados que viverão por muitos anos
Nossa maior capacidade que é sonhar

Soma de todos os defeitos que geram a perfeição do homem
Diversidade natural impulsiona o girar do Globo
Novas corjas de políticos não produzem só consomem
Eles pintam nossa cara e nos fazem de bobo

Perdoar e eliminar todo rancor e ódio
Nunca desprezar um conselho dito velho
Levantar e reagir diante de todo esse ócio
Não podemos esquecer de João Hélio

Olhei para o céu e fiz um pedido
Brilhando na noite um projétil traçante
Fiz-me de inocente pra manter o sentido
No peito da vitima minha estrela cadente

Monday, September 11, 2006

" Até as coisas mas sublimes da vida quando repetidas varias vezes tornam-se tolas" Pablo Neruda


TRINIDAD
De uma noite mal dormida
ao perigo da estrada
dos motoristas suicidas
que assassinam a jornada

Pano de fundo litoral
apressado ao nosso lado
o que sobra é banal
abandonado no passado

A chegada que impressiona
renovada pelo alivio
a verdade condiciona
tudo aquilo que é vivo

Todo o tempo tem seu tolo vinculo
de acordo com a estação
Como o pendulo do relógio, nunca para com seu ciclo
Que arrebenta um coração

Nova noite mal dormida
mas por pura diversão
alojada na bebida
nossa forma de descontração

Os restos dos dias são iguais
enquanto tudo se acaba
dor refletida numa das lágrimas
no retorno para casa.

Tuesday, August 29, 2006

Essa tem um estilo musical,
tem até refrão.
Ahahahahaha
Mas eu acho meio fraquinha


Sem Volta

Você vai pedir pra te contar
Embora não pretenda me escutar
Vai me pedir para sorrir
Sei que não vou conseguir
Hoje eu vim me despedir
Não adianta tentar me impedir

Toda hora é essa de outra vez
Que agora tudo vai dar certo
A ultima passada não valeu
O meu tempo verbal é incorreto

Centenas de tarde se passaram
Dezenas de luas se apagaram
Milhares de dias eu perdi
Das noites que não consegui dormir

Em nossa cama não vão ter corpos se esgueirando
Em busca de um copo d água para amenizar o calor
Lençóis suados não vão ser mais pendurados
Os travesseiros permanecerão calados a espera de outro amor.

Você vai pedir pra te contar
Embora não pretenda me escutar
Vai me pedir para sorrir
Sei que não vou conseguir
Hoje eu vim me despedir
Não adianta tentar me impedir

Friday, August 11, 2006

Negligência

No dia seguinte, com os olhos fechados
O gosto nos lábios e as marcas na pele
Cravadas no corpo, forjadas na alma

Cansado de tudo, sedento por mais
Lembrando de ontem, contando as horas
Ficando sem tempo, perdido demais

Ma agarro na esperança
Vibrando com a sorte
Rezando para os deuses
Pedindo para ser forte

Apelando para forças
Quase sempre incompreendidas
Domina-me o desespero
Pelas lembranças esquecidas

Imploro a Zeus, a Thor, a Buda
Aos deuses astronautas
Aos cosmos dos planetas
A todas as matérias

Mas hoje não liguei para você
Pensei que não fosse verdade
Sentindo o preço de toda culpa
Com receio das respostas
Acabaram se as desculpas

Mas não se esqueça que ainda sou
O guardião do seu amor
Sua resposta para dor
E quando o sol se por